sábado, 13 de junho de 2009

Como tudo começou

Devo confessar que o título do blog é só para chamar atenção porque tenho certeza de que não me esforço em nada para ser uma pessoa normal. Tentando evitar clichês de que ninguém de perto é normal vou resgitrar em alguns ítens o que me faz mais anormal.

a) Sou cômoda e adoro estabilidade, só que escolhi a profissão de atriz que além de ser super instável, me faz levantar todo dia pensando como será a nova jornada.
b) Antes escolher que faculdade fiquei muito tentada a fazer gastronomia em busca de estabilidade (obs: detestava comer).
c) Acreditar que fiz algo realmente normal, porque todo mundo na vida moderna faz, em tomar remédios antidepressivos e ansiolíticos (remédios para dormir).
d) Estou parando de tomar remédios, pelo menos o antidepressivo, não tem nada de errado em querer dormir uma noite inteira.

Resolvi escrever como espécie de terapia e para descrever o meu processo de desintoxicação, penso que deve ser bom contar ao médico como me sinto sem remédios.

Faz aproximadamente três anos que comecei com as drogas. Depois da primeira viagem a trabalho fazendo uma propaganda teatral com bonecos pelo Sul e Sudeste do País, cheguei em São Paulo com a sensação de dever cumprido e muito feliz de ter conseguido ficar nove semanas longe do meu pai e da minha mãe sem sofrer horrores com síndrome do pânico (essa doença foi muito presente na infância e adolescência). Mas quando voltei, voltei pior e com mais medo, tristeza profunda e ás vezes uma euforia inexplicada, acompanhada de vontade gritar, pular no sofá e esmagar meus cachorros, olha que coisa voltamos a instabilidade. Tive uma crise intensa de medo quando desmaiei segundos antes de entrar no palco. Percebi que tinha algo errado. Antes de estrear a próxima peça procurei um massagista aconselhada pela minha ex-chefe para tentar dormir (ela tinha percebido o tamanho das minhas olheiras). A massagem foi ótima, mas ele foi categórico: - O seu problema é químico, você precisa se abrir para o mundo, você deve ver tudo em preto e branco - E não é que ele matou a charada? Fui a um psiquiatra muito bom que conversava muito comigo e me deu dois tipo de remédio. Depois de algumas semanas estava vendo o mundo colorido muito feliz e brincalhona, mega sociável. Todos no trabalho gostavam de mim, diziam que eu era a estagiária mais engraçada e muitas vezes diziam que eu era o máximo. Adorei o remedinho. Passei a fazer apologia aos benditos remedinhos. Fiz um papel ótimo na peça e fiz com muita segurança. Enfim depois de uma longa e feliz jornada com remédios, decidi parar, quando comecei a mudar de médicos e perdi a segurança.
Depois do último médico esquecia de tomar o remédio várias vezes e muitas vezes só lembrava quando começava a sentir uma espécie de mal estar.

Enfim decidi parar. Parei a cerca de duas semanas e fui ao psiquiatra só depois para ele não me desencorajar, fui em um amigo do meu pai, que conversou muito comigo e disse para eu voltar com ele daqui duas semanas sem tomar remédio para ver como eu ia me portar. Fiquei feliz.

Ontem tive a minha primeira crise de abstinência, estava dentro do cinema e comecei a sentir cansaço muscular misturado com dor muscular, foi horrível, minha juntas doíam, tudo doía, minha cabeça girava, sai do cinema liguei para o meu pai enquanto o Dani (meu namorado) me escoltava e me protegia dos funcionários do cinema que queriam que eu saísse do chão ou que eu fosse atendida pelo bombeiro. Meu pai tem um poder incrível de me acalmar e mesmo em crise ele conseguiu, fiquei bem melhor embora a dor continuasse. Consegui superar e fiquei muito orgulhosa de mim.

Segundo meu pai tive um distúrbio neuro vegetativo, que nome assustador. Espero que não aconteça de novo.
Este blog é para registrar os meus dias sem o remédio para me encorajar a ficar sem ele. Espero que eu consiga e que amanhã não tenha muitas novidades estranhas sobre a abstinência

6 comentários:

Noemi Szcypula disse...

Estou muito orgulhosa de voce, pois és uma menina muito corajosa, sempre enfrentou seus medos, suas angustias.
Seu blog, ajudará outras pessoas que sofrem como voce.
Te amo

Anônimo disse...

SE POSSÍVEL DÊ UM PASSEIO PELO "BLOG DA ANA"

Andréia Szcypula disse...

ahh sua drogadinha de merda!!! rsrsr
Brincadeirinha! Acho que vc tá certa, só não vai substituir os remédios por chocolate!

Daniel disse...

Lindo!!!
Linda!!!
Adorei, estou adorando, você é maravilhosa e escreve muito bem...
Te amo, hoje e sempre!
Beijossssss

Talarico disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Talarico disse...

Sabe Ana, a sensibilidade parece ser de família...
Fiquei muito feliz com a sua coragem de apresentar o seu problema, e o melhor colocou de uma maneira sensível e sincera. Sem auto-piedade, e nem culpa.
Um beijão!