domingo, 14 de maio de 2017

Velho amigo

Anos e anos sem remédio. Em um descuido de medo intenso ao entrar em um avião de hélice, entornei meu velho companheiro clonazepan. Você querido amigo me permitiu que viajasse tranquila e sem medo, permitiu que eu curtisse a viagem. Depois de uma apresentação da qual não me senti inteira, foi você quem me tranquilizou e disse que estava tudo bem, que nada era tão grave. Dias foram se passando e cada susto ou cada situação um pouco mais incômoda pode dizer estou aqui e sou seu grande companheiro e ombro amigo.

Passei por dores inimagináveis em meu corpo e você me pode fazer deitar a noite e dormir, mesmo sentindo tamanho receio sem saber se poderia atuar novamente e essas dores não tinham nome e nem motivo para estarem lá.

Pois bem, depois de meses, luto para passar uma noite sem você. Amigo, sinto lhe dizer mas você é muito insistente e não sabe seu limite, me dê um tempo, preciso respirar. Já não sei mais resolver meus problemas sozinha. E a cada dia eles tem se tornado mais pesados, não sei se por excesso de você ou por falta de mim.

Não te aguento mais, por favor vá embora.

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Minha bebê

  Minha filha está prestes a completar um ano, é uma vontade de viver inacreditável, nunca vi igual. Tudo quer aprender, tudo quer explorar e se suas mãos ou suas pernas não obedecem seu comando já demonstra sua frustração através de longos gritos (que mais parecem uivos).
   Como muitos sabem sofri um aborto na primeira gravidez. Foi uma das piores sensações da minha vida.  As vezes quando lembro disso, penso como minha mãe suportou 3 abortos?  Dois antes do primeiro filho.
Eu me sentia tão magoada, tão triste, principalmente com as pessoas que me aconselharam a não contar minha gravidez antes do primeiro trimestre. Eu não queria olhar na cara delas, como se fossem culpadas, como se elas tivessem provocado isso para que eu aprendesse a “lição”, quando via ou conversava com mulheres grávidas ou com seus filhos recém-paridos eu não conseguia compartilhar da sua felicidade, sentia como se estivessem esfregando sua felicidade na minha cara e dizendo em alto e bom som: “Você não foi capaz”. Só conseguia participar da felicidade de quem já tinha sofrido alguma vez como eu.  Olhava nos fóruns e site de gravidez e ali percebi como as pessoas podiam ser inconscientemente cruéis, quando comentavam: “ Nossa ainda bem que ouvi o coração do meu bebê bater com 5 semanas” ou “Calma, dará certo da próxima vez”.
  Foi difícil perder o saco gestacional, foi difícil aceitar, foi difícil ver que a vida das pessoas continuavam do mesmo jeito mesmo a sua estando despedaçada. Foi difícil engravidar a segunda vez e ficar com medo de respirar um pouco mais fundo, sofrer um sangramento e pensar que tudo estava se repetindo, foi difícil esconder até as 16 semanas se completarem. Foi difícil falar que a gravidez não era tão divertida assim e sentir olhares repressores dizendo o quanto eu era ingrata e que eu não aprendi a lição perdendo o primeiro bebê. Foi difícil pesquisar sobre parto, anestesia, alimentação, veia cava. Foi muito difícil minha filha entrar em sofrimento fetal nas 40 semanas de gestação, com uma semana e meio de trabalho de parto e ainda decidir se esperava para tentar normal (não aguentava mais fazer cardiotografia todo dia e ouvir os batimentos da Elena diminuir) ou cesárea. Foi tudo absolutamente difícil, mas hoje quero dizer que eu sobrevivi a essa aventura toda e superei tudo isso.
  A Elena vai fazer 1 ano dia 23 de maio e nunca fui mais feliz com uma menina-furacão que teve cólicas os três primeiros meses inteiros, teve seus primeiros dentes aos 4, largou a chupeta aos 8 e deu seus primeiros passos aos 9. Quanta coisa linda você já viveu e quanto amor já nos proporcionou em tão pouco tempo de vida.

Esse é o meu ponto final ao sofrimento e meus três pontinhos para a felicidade!

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Ok, depois de tanto tempo sem escrever e muito relutante decidi escrever minha primeira postagem pós-trinta anos.

Primeira informação - Sem remédios há mais de 18 meses.
Segunda informação - Como todos sabem minha bebê está com oito meses.
Terceira informação - Quando sentei para escrever ia desabafar como foi o fim da primeira gravidez e o começo da nova. Mas acho que são cenas muito fortes na minha cabeça que não estou disposta a reviver.

Só sei que agora estou de verdade limpa, recomeçando de verdade. Meus remédios para dormir são no máximo um passiflora. Quando comecei os remédios, jamais me imaginava sem eles. Foi tudo que eu precisava depois de longos anos com síndrome do pânico e insônia, ah... Como parar? Pois é parei e na segunda gravidez não quis nem correr o risco de tomar remédio. Tá certo que as vezes me falta o bom humor a minha simpatia (que já foi habitual), mas daí olho pra carinha da Elena e fica tudo certo.

Nem tudo são rosas, mas nem um quinto é escuridão.


segunda-feira, 22 de abril de 2013

Um tanto piegas, mas sincero

Não sei exatamente o que quero escrever, só sinto uma vontade quase que inevitável de vomitar as minhas angústias.

Os remédios alopáticos tem sem tornado algo cada vez menos frequente na minha vida e tenho me orgulhado disso, tenho descoberto sentidos em mim que nem lembrava mais que existiam. Mas creio que ainda estou em estado de limpeza, porque tem momentos em que me sinto um pouco ausente de mim mesmo. Muitas vezes ainda procuro a distração em algo totalmente fora da minha realidade para me sentir bem, como um desenho animado ou um filme hollywoodiano.

O teatro com a sua sempre função dialética, me deixa tranquila e destabilizada.

Tomo um calmante duas vezes por semana pelo menos para dormir a noite inteira essas duas vezes. Tenho estado muito cansada ultimamente e por isso as coisas acabam perdendo o brilho e esse cansaço me traz o pânico, e o pânico me traz tristeza e assim vai.

Hoje tomei calmante não no dia em que eu podia, mas hoje eu precisava. E hoje fiquei triste porque me rendi, porque me senti vencida. Mas sim, foi só hoje porque a minha vontade de lutar está latente, acho que nunca senti isso. Sempre fui irônica nas minhas postagens porque sempre tive medo de mostrar minhas fraquezas, mas hoje estou me sentido forte porque não quero mais uma vida pela metade. Quero uma vida inteira e sem culpa. E sem remédios.

Eu me quero por completo e escolho viver, acho que nunca disse isso e minha mãe mais do que ninguém sabe que eu nunca disse isso. Mas essa é pra mim e pra vocês que acompanharam longos anos de síndrome do pânico. Eu escolho VIVER.

domingo, 3 de março de 2013

Momento difícil

Poucos sabem, mas estou vivendo um momento bem difícil, as vezes acho que estou me expondo um pouco mais do que devia ao fazer estas postagens no blog, mas realmente tenho a ilusão de que isso além de terapêutico, faz com que algumas pessoa com problemas semelhantes não se sintam a bolacha esfarelada do pacote.

Estive grávida e e parei abruptamente os meus remédios, a sensação da abstinência foi uma sensação semelhante ou pior a síndrome do pânico, eu parecia um zumbi e mal conseguia terminar uma frase que começava, entender o raciocínio de alguém me parecia algo impossível. Queria viver a linda alegria que todo mundo sente ao descobrir que está esperando um bebê, só que minha concentração maior era eliminar essa sensação de abstinência e evitar o pânico. Ok, passaram-se os dias, diminuíram-se as crises, tanto de abstinência quanto de pânico. E quando eu estava começando a me concentrar em algo tão emocionante recebo um balde de água fria em pleno inverno russo. Tive uma gravidez anembrionada. O embrião não se desenvolveu, sofri três vezes, na primeira ultrassonografia em que não vi nada a não ser o saco gestacional, na segunda US, depois de um sangramento e na terceira, que ainda me restava uma esperança, mas foi confirmado a gravidez anembrionada. Foram duas semanas de esperança e tristeza.

Depois dessas notícias voltei ao psiquiatra que disse que estava com um quadro depressivo ansioso e que deveria voltar a tomar remédio, no mesmo dia fui a uma homeopata na esperança de evitar tomar os remédios e, ela em uma consulta de dez minutos usou o mesmo diagnóstico do psiquiatra e de uma homeopata que eu havia ido 15 dias antes (a primeira disse que estava em um estado grave de ansiedade e depressão e que precisava de calmantes para me auxiliar), só que ao conversar com a segunda disse que tinha achado a primeira muito catastrófica e que eu não acreditava estar tão ruim. Ela com a delicadeza de um troglodita me respondeu, Vou te dizer a verdade, você não está bem e a homeopatia não faz milagre, pede para o seu psiquiatra um calmante. Saí de lá pior do que entrei. Tenho certeza que nem foi levada em consideração a minha gravidez interrompida.

Resumo da ópera, estou com duas receitas, um antidepressivo e um receita homeopática não comprei nenhum. Sempre fui a favor da felicidade independente se com remédios ou não, mas hoje eu realmente penso se preciso dos remédios ou preciso me descobrir. O período de abstinência foi pior que qualquer pânico e não quero passar por isso de novo.

Hoje estou com três pessoas que estão me auxiliando em tudo que preciso, meus pais e meu marido, eles estão sempre de prontidão. O Daniel me impressiona pelo fato de que ele não precisa passar por isso e as vezes sinto muito culpa de ele ver minhas crises de pânico, mas em vez de ficar bravo quando ligo a televisão pra me distrair da minha mente, ele acorda e pergunta se eu quero dar uma volta de carro pra ver as ruas.

Sinto culpa pelos meus pais sofrerem junto, mas eles estão vendo o meu progresso e sei que isso os está fazendo feliz também.

Nenhuma dos médicos levou em consideração, os meus problemas no momento, já me diagnosticaram como uma "doença avançada" e se esqueceram do período de abstinência, da gravidez anembrionada e tudo mais.

Tenho certeza que não estou tão mal assim e vou continuar procurando um bom homeopata que acredite na sua profissão, se um dia eu tiver que voltar a tomar remédios alopáticos, voltarei, mas antes vou tentar me descobrir.





sábado, 9 de fevereiro de 2013

30 dias

Olá pessoas,
estou de volta e com mega novidade. Parei de verdade de tomar remédios, de verdade, hoje faz um mês que estou limpa ( quem diria que um dia eu ia dizer que parar de tomar remédios é estar limpa, já que sempre achei a não tristeza e o não pânico mesmo que com remédio a própria limpeza). Ok, mas segundo os anônimos da vida posso dizer que estou limpa há exatamente um mês. Sim, tive algumas crises de pânico, sim tive alguns momentos doloridíssimos de tristeza  e sim tive crises terríveis de abstinência do qual eu achei que nunca ia me livrar. Tinha momentos em que achava que ia morrer de tanto chorar e que ia sucumbir e desaparecer da face da terra. Teve momentos em que mal levantava da cama com medo do meu dia. Tive momentos em que tentar sair de casa era um verdadeiro desafio e que sair porta a fora e voltar cinco minutos depois porque estava com medo era comum. As crises de insônias ainda estão sendo frequentes, durmo cerca de três a quatro horas por noite, mas tem noites que o sono vence e que consigo dormir até 5 horas.

Hoje eu realmente me sinto melhor, quando eu acordo não fico com vontade de dormir mais, acordo com uma certa disposição (não muita, porque não dá pra se ter tudo, né?), já consegui controlar algumas crises de pânico e quando a tristeza aperta fundo, choro horrores, leio futilidades, assisto desenho e vou dar uma volta a pé no bairro. Estou fazendo tratamento com acupuntura, cromoterapia e reiki, confesso que depois da primeira sessão de reiki cheguei em casa e dormi três horas.

Ah e não vou mentir, estou tomando um remedinho fitoterápico maravilhoso "Passiflorine", tem três componente calmantes que me auxiliam e muito, se não acho que essa três horinhas de sono não seriam possíveis.

Ops, quase estava esquecendo de contar, parei de tomar remédio, por causa de um bem maior, descobri há um mês que estou esperando um bacurizinho (bebê), ele já está com dois meses.


segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Hoje eu fui especial para alguém

Hoje eu fui especial, hoje eu me senti especial, a pessoa mais especial do mundo, hoje eu fui especial para alguém.
Eu tento escrever porque eu não quero perder a sensação daquele momento.
Meu dia não começou muito bom, cada coisa que faço parece ser incômodo para o outro, pareço não satisfazer ninguém que eu amo, parece que eu faço muitas burrices e coisas precipitadas, parece que eu mereço ser castigada ou no mínimo ter a atenção chamada como uma criança que precisa ser educada, porque eu não estou preparada para ser boa o suficiente, para mim talvez, mas o meu bom não é permissível a ninguém.
Para alguns sou santa, para outros, orgulhosa a assim vai: Sem humildade, medrosa, birrenta, guerreira, amarga, divertida...
São muitos títulos em máscaras que eu mesmo me obrigo a carregar. Não quero desagradar ninguém, mas muitas vezes me machuco, os títulos ruins eu tenho que melhorar e os bons tenho que conservar. É pesado, mas isso só faz de mim uma pessoa dentro da média.
Mas hoje eu fui realmente especial e foi recíproco.
Hoje no ponto de ônibus um senhor de rua tentava se conservar em pé, as vezes perdia o equilíbrio, até que uma menina preferiu sair de perto dele, eu como humana a julguei sem pestanejar com um olhar gélido de nojo, mas não pensei que ela podia ter tomado essa atitude por inúmeros motivos que a absolvesse do meu julgamento naquele momento. Esse senhor me olhava disfarçadamente até que eu o olhei e quando o fiz depois de uns trinta segundos me encarando me pediu uma moeda e eu disse que as únicas moedas que tinha era para pegar o ônibus e sorri, quando sorri, ele me olhou como se olhasse dentro da minha alma e parecia que analisava minha alma, tive vontade de sorrir novamente. foi quando ele sorriu e tentava dizer algo mas não dizia, ele colocou a mão na boca olhou pro céu e sorriu e voltou a me encarar e olhava de novo dentro dos meus olhos, ele começou a chorar, mas com a emoção contida de quem não chorava faz tempo, era uma lágrima por vez, uma lágrima por olho, as lágrimas nunca saiam ao mesmo tempo. Tive vontade de limpar seu rosto, mas me contive. Perguntei se estava bem, ele sorriu de novo e olhou para o céu e olhou para mim.
E meu ônibus chegou e fui embora, mas hoje eu fui especial pra alguém, mas esse alguém foi muito mais especial pra mim.

Obrigada meu Deus por esse encontro.