Como muitos sabem sofri um aborto na primeira gravidez. Foi uma das piores sensações da minha vida. As vezes quando lembro disso, penso como minha mãe suportou 3 abortos? Dois antes do primeiro filho.
Eu me sentia tão magoada, tão triste, principalmente com as pessoas que me aconselharam a não contar minha gravidez antes do primeiro trimestre. Eu não queria olhar na cara delas, como se fossem culpadas, como se elas tivessem provocado isso para que eu aprendesse a “lição”, quando via ou conversava com mulheres grávidas ou com seus filhos recém-paridos eu não conseguia compartilhar da sua felicidade, sentia como se estivessem esfregando sua felicidade na minha cara e dizendo em alto e bom som: “Você não foi capaz”. Só conseguia participar da felicidade de quem já tinha sofrido alguma vez como eu. Olhava nos fóruns e site de gravidez e ali percebi como as pessoas podiam ser inconscientemente cruéis, quando comentavam: “ Nossa ainda bem que ouvi o coração do meu bebê bater com 5 semanas” ou “Calma, dará certo da próxima vez”.
Foi difícil perder o saco gestacional, foi difícil aceitar, foi difícil ver que a vida das pessoas continuavam do mesmo jeito mesmo a sua estando despedaçada. Foi difícil engravidar a segunda vez e ficar com medo de respirar um pouco mais fundo, sofrer um sangramento e pensar que tudo estava se repetindo, foi difícil esconder até as 16 semanas se completarem. Foi difícil falar que a gravidez não era tão divertida assim e sentir olhares repressores dizendo o quanto eu era ingrata e que eu não aprendi a lição perdendo o primeiro bebê. Foi difícil pesquisar sobre parto, anestesia, alimentação, veia cava. Foi muito difícil minha filha entrar em sofrimento fetal nas 40 semanas de gestação, com uma semana e meio de trabalho de parto e ainda decidir se esperava para tentar normal (não aguentava mais fazer cardiotografia todo dia e ouvir os batimentos da Elena diminuir) ou cesárea. Foi tudo absolutamente difícil, mas hoje quero dizer que eu sobrevivi a essa aventura toda e superei tudo isso.
A Elena vai fazer 1 ano dia 23 de maio e nunca fui mais feliz com uma menina-furacão que teve cólicas os três primeiros meses inteiros, teve seus primeiros dentes aos 4, largou a chupeta aos 8 e deu seus primeiros passos aos 9. Quanta coisa linda você já viveu e quanto amor já nos proporcionou em tão pouco tempo de vida.
Esse é o meu ponto final ao sofrimento e meus três pontinhos para a felicidade!